segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

As Panelas e Suas Tampas.

Não sei quem criou a célebre frase “toda panela tem sua tampa”, mas provavelmente ela é dita e repetida desde que minha avó procurava uma tampa pra panela dela. E ela achou. Meu avô vem tampando a panela de minha avó há mais de 50 anos, porém, isso não vem ao caso, até porque pensar nisso me fez imaginar meu avô “tampando a panela” da minha avó, e não é uma cena que eu gostaria de ver, nem de ficar imaginando, mas enfim, a questão é que se os animaizinhos subiram na arca de dois em dois, todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite, e isso se trata da carne e da unha, da alma gêmea, das metades da laranja e de todas as outras duplas que são consideradas inseparáveis.

Será que toda panela tem sua tampa? Será que todo pé cansado tem mesmo o seu chinelo velho? E no tamanho certo? Sim, porque sempre vi minha mãe colocando pratos em cima das panelas depois que as tampas se perdiam, e o meu pai sempre gostou de calçar minhas havaianas (que são dois números menores) quando não achava as dele. Já pensou se meu pai não encontrasse minha mãe e quisesse beijar minha namorada? Isso me faz sentir gratidão porque ainda não tenho tampa pra minha panela, pois assim não consegui sequer imaginar a cena medonha do meu pai “tampando” a panela da minha namorada, ou vice versa. Argh!

Acreditar que existe uma tampa pra nossa panela ou que nós somos a tampa da panela de alguém é reconfortante, mas, cá entre nós, ser uma frigideira também não é tão ruim. Eu adoro farofa de ovo! E embora eu não queira ser frigideira (e ter que fritar os ovos dos outros), eu acredito que independente da panela estar tampada ou não, nós podemos fazer uma comida boa, ou dar um jeito pra resolver a situação. Por exemplo, a ideia de minha mãe, que coloca um prato em cima da panela, é bacana, e impede que entrem moscas ou caia sujeira. E neste caso cabe o ditado “antes só do que mal acompanhado”, ou no caso de algumas pessoas “não sou feliz, mas sou casado (a)”.

Eu já vi gente esquentar arroz na cuscuzeira, e já vi gente aquecer pão dormido na frigideira – vale ressaltar que fica uma delícia, porque quem faz isso sou eu! Enfim, tampar panelas não é a tarefa mais difícil, o chato é ter que conviver com a tampa que escorrega por não se encaixar bem e faz a gente correr o risco de se queimar no fogão ou comer uma comida ruim – o que é melhor do que nada na hora da fome!

Bem, se eu for esticar mais as minhas palavras, eu farei inúmeras analogias aqui, não só sobre as panelas e suas tampas, mas também sobre os chinelos velhos e os pés cansados, ou as camisas e os botões, ou as canetas e os papéis, mas enquanto eu perco meu tempo aqui fazendo analogias, pode ser que a tampa da minha panela queira puxar conversa e eu não dê atenção porque estou muito focado em escrever um texto bacana que diga às frigideiras que a Tramontina já criou tampas especiais para elas e acabe tendo que comer omelete (sem as tampas da Tramontina) e ainda perca a chance de comer um assado de panela feito numa boa panela de pressão.

Independente de tampas, meu avô sempre diz, “panela velha é que faz comida boa”.

Será?